1. Começando pelo bom e velho fogão ... e bote velho nisso!
Destas bocas são desenvolvidas as mais antigas alquimias do Cruzeiro do Pescador, chamas olímpicas de mais de treze anos. O restaurante mudou algumas vêzes de endereço em Pipa, e estes velhos companheiros foram junto, à sombra do mui nobre e leal mestre cuca, João Batista. As panelas, cassarolas e travessas, cheias de marcas do tempo e cicatrizes de guerra, poem em marcha o cardápio antigo do restaurante, como o chamamos, para diferenciar do outro.
As receitas são feitas na hora e, portanto, quase fazem juz a um termo da moda que é o 'slow food'. Como são resultado das vivências pessoais do dono, provadas pelos lugares onde viveu ou passou (lentamente, é claro), às vêzes quase equivale ao cliché 'cozinha de fusão'.
Já que, ultimamente, chefes renomados resolveram cosinhar e servir em suas próprias casas, está aí outra tendência que, sem querer, antecipamos. Pois é! Essa coisa de ser anacrônico, de repente, vira moda. Quem quiser xeretar o nosso cardápio tradicional, siga por aqui.
2- O fogo mais recente do restaurante vem — quem diria — do carvão!
Quando o dono do Cruzeiro do Pescador foi engolido pela sua própria criação ocorreu a simbiose residência & restaurante. Quem construiu a casa, originalmente, foi um francês que decidiu fazer uma lareira. E este 'restauranteur' resolveu fazer dela o seu espaço de grelhados. Não aquece o ambiente, mas faz suar o — soa grosseiro tratar este mágico, compenetrado em seu cerimonial de fogo, assim, — 'churrasqueiro'. inclusive, porque só frutos do mar e legumes são grelhados ali. Num ritmo tão ritualistico, que obriga os comensais a fazer uma reserva com duas horas de antecedência. Querem, de novo, emiscuir-se nesta outra alcova do Cruzeiro do Pescador. Discretamente, por favor...
3. Fogo na carne...o eterno e sedutor forno a carvão.
Chega uma ocasião na vida de um restaurante especializado em frutos do mar, em que se vê obrigado a ceder aos apelos da carne. Afinal, isso não é novidade nos melhores paraísos.
Pipa não foge à Biblia. Certo dia, depois de tanto peregrinar por praias nordestinas, em comunhão com peixes, camarões, lagostas, ostras, sururus e caranguejos, um lado primitivo emerge no viajante e ele começa a desejar galinhas e bifes. O Cruzeiro do Pescador decidiu enfrentar essas fraquezas sem invadir o território das churrascarias, muito bem representadas em nossa gastronomia, por sinal. Mais uma vez ,veio à tona a memória emocional do pai deste restaurante. Estou falando de mim mesmo, não se confundam... Em nosso forno, que tem um certo aspecto de calhambeque da cozinha (apesar de ficar ao ar livre), o carvão produz um calor preguiçoso, que leva horas e horas para transformar generosos animaizinhos na sua mais fascinante versão degustativa. Talvez seja um tanto cruel nestes dias, mas seria um pecado ignorar. Já que chegaram até aqui, dêem uma olhadinha...
Nossa Adegazinha. "Chiquitita, pero cumplidora"
Os vinhos da casa também têm como critério a vivência do dono.
A nossa pequena garrafeira se abastece de tintos, brancos, rosês e espumantes de várias procedências. Portugal: Douro, Alentejo, Minho, e alguma outra eventual região demarcada "especialmente convidada".
América do Sul: Chile (Carmenère), Argentina (Malbec / Torrontês), Uruguai (Tannat).
De origens diversas, revezam-se Cabernet Sauvignon, Merlot, Shiraz, Tempranillo, Chardonnay e Sauvignon Blanc.
Entre espumantes podem constar exemplares da França e Brasil.