O Restaurante nasceu pequenino, com uma casa de pescadores de um lado e o cruzeiro barroco de outro, em 1996. O seu proprietário, Daniel Rios, era recém chegado de outra vidas. Desde o início o Cruzeiro do Pescador prenunciava a sua personalidade. Comida feita em panela de barro, toalhas e guardanapos feitos pela costureira, candeeiros de querosene ao jantar, protegendo a luz dos ventos fortes que o mar soprava nas falésias. Pipa foi crescendo cada vez mais rápido e o Cruzeiro, involuntariamente, teve que ampliar um pouco. Atualmente, o Restaurante tem um reconhecimento dentro e fora do país, à altura do prestígio de Pipa. Só, talvez, com uma grande diferença: não queremos crescer, pelo menos em tamanho. Em qualidade, sim, há sempre espaço para isso. Talvez, no fundo, também preferíssemos que Pipa também não mudasse tanto, em relação àquela Terra-do-Nunca que descobrimos quando ela ainda era uma criança (1996). Peter Pan explica.
O Cruzeiro que deu nome e marca ao nosso restaurante.
Talvez arrastado por sua raízes lusitanas, o dono do restaurante (na verdade um paulista de pais portugueses) logo adotou o nome da forma da ancestral cruz barroca, caprichosamente instalada no espaço – berço do Cruzeiro do Pescador. Coincidência ou fado?
Fala da cruz o memorialista e garimpeiro de raízes , Hélio Galvão, em seu livro "Derradeiras Cartas da Praia" texto que serviu como documento para o posterior tombamento* desse patrimônio de Pipa: "Chega Antônio Pequeno Filho, loquaz, inteligente, informador. E eu quero umas informações. Ali, à nossa esquerda, está o cruzeiro ancestral, anterior à capela. Cruzeiro que vem vindo de lá para cá, isto é, de suas posições sucessivas de onde o mar vem empurrando. "Mais de duzentos anos" – diz José Inquim. "Quando eu cheguei aqui, em 1962, já me diziam que ele era antigo, muito mais de cem anos.
Primeiro foi plantado lá fora, pra lá de onde estão aqueles botes, protegido por uma cobertura, onde se dizia missa".
A maré o arrancou e foi transportado mais para cá, ali onde bate agora a maré cheia. Agora ele veio aqui para cima da barreira, já faz anos. Em matéria de datas, tudo é impreciso e incerto.
O cruzeiro é uma obra artística, trabalho de artista que ou não era daqui ou estava sob orientação de alguns desses missionários que sulcaram estes matagais plantando a fé cristã. Lavrado em pau-d'arco amarelo, com acabamento original na haste vertical, desbastada na faixa central para dar relevo às arestas, os três braços da cruz com adorno trifoliado, Barroco puro. Perdeu já outros elementos que o enriquecia: um galo, um cálice, uma espada, uma escada. Conserva ainda em boa forma a cartela que deveria estar o dístico INRI.
Depois da construção da capela, ele está ficando esquecido, entregue às intempéries e à resistência da madeira em que foi lavrado. Ninguém toma conhecimento do precioso exemplar barroco, escondido por entre carrapateiras, sem qualquer proteção.
Eu acho que é preciso preservar essas riquezas do nosso patrimônio artístico, e ninguém mais qualificado para isto do que nossos vigários locais, pois a opção preferencial pelos pobres, ainda que exclusiva, nada sofreria por estes pequenos cuidados em guardar alguma coisa do "ontem" material e artístico da igreja."
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